sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Morte


Não gaste sua tinta com escrita fina, delicada bem definida.
Faça rabisco, uns paralelos, doidos confusas informais,  demoníacas.
Ficar na ponta da ponte dando luz só se valer a pena, não arrisque mais tanto assim. Meu amigo eu fui o tempo todo fiel a essa conduta lisa e o hoje meus dedos e dentes e pernas rijem e perguntam, repetem dentro da minha  mente-homem cadê seus valores tão defendidos, muitas vezes aplaudidos, onde estão? Nas gavetas? Nas gazetas, escolhidos.  Escondidos e eu nem posso responder por que não sei. Ou melhor, sei. Esta em nenhum lugar,  ao morrer levo comigo o que fui aqui, não fica nada além de um terno de tecido velho surrado, usado no finais de semana quando vou a uma missa, culto, dança, um boteco, fica meus óculos e minha mala com uma porção de quequilhagens . Mais quem há de querer, tantas trovas bobas, rimas pobres, dizeres sem uso no tempo moderno de hoje.
A letra agora é virtual, a carta é instantânea,  o recebedor não sabe responder e quem escreveu o mesmo que a mandou nem redigiu o texto só colocou letras após outra e saiu dizendo frases que viraram  parágrafos e que vira texto. A escrita esta morta junto com seus apreciadores. Eu restei aqui só para ver a morte da letra, da palavra, e nossa mãe que agonia esta nos olhos dela antes de partir, afinal foi se séculos de excelência e pluralidade ela serviu a madrastos e bons, e tempos limpos e sujos a velhos e novos, com todos  ela dormiu, se fez amante, vassala, veemente. A letra você foi uma boa companhia, quem te teve diria, como nunca você me fez fértil e me fez doer, me deu risadas e trancou lentamente a voz e hoje eu sou calado assim, sem ti.

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