Não gaste sua tinta com escrita fina, delicada bem definida.
Faça rabisco, uns paralelos, doidos confusas informais, demoníacas.
Ficar na ponta da ponte dando luz só se valer a pena, não arrisque
mais tanto assim. Meu amigo eu fui o tempo todo fiel a essa conduta lisa e o
hoje meus dedos e dentes e pernas rijem e perguntam, repetem dentro da
minha mente-homem cadê seus valores tão
defendidos, muitas vezes aplaudidos, onde estão? Nas gavetas? Nas gazetas,
escolhidos. Escondidos e eu nem posso
responder por que não sei. Ou melhor, sei. Esta em nenhum lugar, ao morrer levo comigo o que fui aqui, não fica
nada além de um terno de tecido velho surrado, usado no finais de semana quando
vou a uma missa, culto, dança, um boteco, fica meus óculos e minha mala com uma
porção de quequilhagens . Mais quem há de querer, tantas trovas bobas, rimas pobres,
dizeres sem uso no tempo moderno de hoje.
A letra agora é virtual, a carta é instantânea, o recebedor não sabe responder e quem escreveu
o mesmo que a mandou nem redigiu o texto só colocou letras após outra e saiu
dizendo frases que viraram parágrafos e
que vira texto. A escrita esta morta junto com seus apreciadores. Eu restei
aqui só para ver a morte da letra, da palavra, e nossa mãe que agonia esta nos
olhos dela antes de partir, afinal foi se séculos de excelência e pluralidade
ela serviu a madrastos e bons, e tempos limpos e sujos a velhos e novos, com
todos ela dormiu, se fez amante, vassala,
veemente. A letra você foi uma boa companhia, quem te teve diria, como nunca você
me fez fértil e me fez doer, me deu risadas e trancou lentamente a voz e hoje
eu sou calado assim, sem ti.
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